“Diabetes não é um fim, mas um novo começo”: a história de Fabiana


 

Fabiana Fernandes, do Brasil se encontrou conosco para nos contar sua história com diabetes tipo 1. Diagnosticada aos 10 anos, ela resistiu ao que muitos médicos não podiam acreditar sem entrar em coma e viveu, como muitos de nós, seu próprio processo de aceitá-la nova vida com uma doença crônica.

Apesar de ter sido difícil no início, hoje ela abraça sua condição e seu autocuidado e ousa sonhar em trabalhar na área de Educação em Diabetes. Da Beyond Type 1, agradecemos a Fabiana pelo seu tempo e transparência, refletidos nesta entrevista íntima que você não pode perder.

FABIANA DO RIO DE JANEIRO E SEU DIAGNÓSTICO DE DIABETES

Bom, meu nome é Fabiana, tenho 24 anos atualmente, sou natural do Rio de Janeiro/RJ mas moro em Goiânia/GO há 2 anos. Sou estudante de Gestão de Recursos Humanos e trabalho em uma das maiores redes farmacêutica aqui no Brasil, a nossa querida Drogasil.

Tenho 4 irmãos (nenhum deles diabeticos), 2 sobrinhos que colocam a glicemia da tia no eixo de tanto brincar e um namorado também diabético tipo 1. 

Fui diagnosticada com diabetes tipo 1 aos 10 anos de idade, numa virada de ano. Foi o réveillon mais movimentado da minha vida, literalmente uma vida nova.

Após o meu diagnóstico, apesar de muito nova, eu apenas agradecia a Deus pela segunda oportunidade de vida!

O momento do meu diagnóstico foi muito delicado, eu passei muito mal durante dois dias e cheguei ao hospital no meu limite, ninguém imaginou ser diabetes. Suportei o que muitos medicos duvidaram sem entrar em coma.

Costumo dizer que naquele momento eu tive um encontro com Deus e Ele me deixou claro que aquele não era o meu fim, e sim um recomeço, um recomeço de uma vida de propósitos.

Sempre fui conduzida pelos meus pais no tratamento, ate eles se separarem, e na adolescência foi a fase mais dificil pois precisava aplicar insulina, aferir a glicemia e isso me fazia me sentir mal. Eu não entendia o porquê daquilo ser comigo. Fiz todas as birras e me revoltei com o diabetes sem dar conta de que eu estava me autossabotando.

Após um tempo tive uma virada de chave depois de um término de relacionamento e comecei a cuidar da minha saúde, ir pra academia, comer melhor e vi que aquilo me fsvorecia no tratamento.

Dai então comecei a pesquisar na Internet sobre o diabetes e conheci os “influenciadores diabeticos”. Foi quando comecei a conhecer novos diabéticos que a aceitação veio.

Ja não me sentia mais sozinha no mundo.

A COMUNIDADE DO DIABETES

O tempo todo estou interagindo com comunidades diabética.

Atualmente faço parte do grupo CPD (correndo pelo diabetes) onde essa equipe maravilhosa e multidisciplinar (profissionais da saúde) nos dão força na atividade física.

Faço parte do Movimento Divabética, onde ja tive o prazer de ser embaixadora desse movimento incrível e aprendi muito sobre empoderamento feminino e diabético.

Faço parte também da ADILA-RJ (Associação dos diabéticos da Lagoa) onde ja fui voluntária ajudando nas orientações aos novos diabéticos e diabéticos de longa data também.

Por trabalhar em farmácia e ter um grande contato com pessoas diabeticas sempre procuro ajudar como posso, seja com uma duvida, seja com um: Você nao esta sozinho! Conte comigo!

Trabalhar em equipe se você vive com diabetes, ajuda?

Acho sim. Trabalhar em equipe é fundamental para a vida. Vivemos em sociedade! Estamos todos conectados!

A união faz a força e ter pessoas, diferentes pessoas, diferentes visões, diferentes profissionais, diferentes formas de nos incentivar a buscar o melhor de nós, melhor pro nosso tratamento e vida.

O ESPORTE

Não sou atleta mas durante anos da minha vida fui praticante e instrutora de dança a dois, como zouk, forró, samba, bolero, bachata e etc. Inclusive é a minha maior paixão da vida: dançar!

Depois do inicio da pandemia foi necessário dar um tempo por ser uma atividade de grande contato e logo, grande risco.

Pra não ficar sem praticar atividade física, nesse tempo passei a me aventurar na corrida de rua por influência do meu namorado também diabético e ultramaratonista.

SONHOS E PROJETOS E UMA MENSAGEM DO FABIANA

Há 3 anos havia iniciado o curso de Nutrição e precisei parar por contratempos da vida. Mas o meu próximo sonho a ser alcançado será a conclusão da graduação que estou fazendo para assim poder voltar ao curso de Nutrição e futuramente atuar na area de Educação em Diabetes. Esse é um sonho que ta guardado no meu coração há bastante tempo.

“Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, e não há sucesso no que não se gerencia.”

Não tenham medo do glicosimetro. Isso mudou a minha forma de conduzir o meu diabetes por eu saber como gerenciar o meu tratamento. Tem gente que nao acha a melhor coisa do mundo, furar o dedinho, aplicar a insulina. E eu concordo. Prefiro dançar! Mas até muito tempo atrás não tinhamos todo recurso que temos hoje. Então vamos agradecer a toda tecnologia que temos ao nosso favor.

E sobre pessoas que nos subestimam: não liguem.

A gente pensa como nosso pâncreas agiria, a gente pensa em como tal alimento vai agir em nosso organismo, como certas atividades podem interverir no nosso comportamento glicêmico. 

Ou seja? A gente é inteligente demais! A gente é forte! A gente pode ir, fazer e ser o que a gente quiser! Nada nos limita!

 

WRITTEN BY Lucía Feito Allonca de Amato, POSTED 01/24/22, UPDATED 01/24/22

Lucy vive com diabetes Tipo I há quase 30 anos e faz parte da equipe por trás das propriedades hispânicas do Tipo 1. Ela é formada em Direito e tem dupla nacionalidade espanhola e argentina. Ela é parte ativa da comunidade online de diabetes, a partir de seu blog Azúcar HADA. Ela é formada em Psicologia, é uma paciente especialista em doenças cardiometabólicas crônicas e ativista pelos direitos das pessoas LGBTQ+.