“O Doce Mundo da Rita” um livro escrito por pessoas com diabetes para pessoas com diabetes


 

Tiago e Paula são um casal muito especial, pois ambos vivem com diabetes. Eles assumiram a tarefa de criar o que ninguém havia feito antes na língua portuguesa: um livro que falasse sobre essa condição voltado especialmente para adolescentes e jovens adultos.

NÓS

Fui diagnosticado com diabetes tipo 1 (DT1) aos 13 anos. Vivo em Portugal, com a Paula, também diabética (desde os 14) e co-autora d'”O Doce Mundo da Rita” e os nossos dois filhos – não diabéticos.

Um deles, aliás, diz que gostaria de ter diabetes: Volta e meia, chateia-nos durante umas horas para lhe picarmos o dedo e depois fica triste quando dizemos, todos contentes, que ele não tem diabetes. De forma alguma achamos que ter uma doença crónica é melhor que não a ter, mas algo na nossa forma de abordar a diabetes parece tê-lo convencido que é espetacular ter diabetes.

Trabalho na investigação clínica e a Paula é coach e formadora.

O LIVRO

Era um mundo diferente, ainda pré-pandémico, quando a Paula foi abordada pela Editora 20|20, agora parte da Penguin Random House, para escrever um livro dirigido a jovens com diabetes. Existem imensos livros infantis para crianças com DT1, com histórias e desenhos, e imensos livros mais técnicos, para os mais crescidos. Mas não havia nada para adolescentes e jovens adultos.

Nós os dois adoramos livros e histórias e estamos convencidos que uma história é uma óptima forma de aprender algo. Então, em vez de escrever um manual ou uma enciclopédia com conselhos práticos e dar lições, optamos por criar a história da Rita: Uma adolescente que, no meio de todos os desafios da vida, aprende a viver com diabetes tipo 1.

VALORES E ENSINAMENTOS

Queremos que as pessoas se “apaixonem” pela Rita, pela sua garra e convicção e a inocência com que aprende com os seus erros.

Do que nos contam, quem tem diabetes revê-se nas peripécias da Rita e fica a torcer por que ela faça outras escolhas. Ou então vê como a Rita sente as mesmas coisas que eles sentiram e sentem. E acabam por ter na Rita uma companheira da diabetes.

Quem não tem diabetes, mergulha no mundo da Rita e percebe como a diabetes é apenas mais uma das peças deste puzzle que é a vida – e percebe como às vezes essa peça teima em não encaixar à primeira. E temos ficado mesmo contentes com os relatos de jovens sem diabetes a lerem “O Doce Mundo de Rita”.

ADOLESCÊNCIA, DIABETES E UMA MENSAGEM

A diabetes tipo 1 é, na grande maioria dos casos, diagnosticada na adolescência ou antes disso. Ou seja, a maior parte das pessoas com DT1 vai passar pela adolescência com diabetes – como se a adolescência não fosse já difícil que chegue!

Por isso, é essencial que os adolescentes – quer tenham DT1, quer não – saibam melhor como é ter DT1: Assim, pode ser que a peça do puzzle encaixe mais facilmente nessa altura conturbada.

Costumamos dizer, meio a brincar, que a DT1 é a melhor doença crónica. Claro que não é fácil, também nós nos cansamos com os altos e baixos (de forma literal as hipers e hipos, mas não só) de ter diabetes. Mas os altos e baixos (estes mais metafóricos) também existem na vida sem diabetes e, por outro lado, ter a minha DT1 bem controlada e como companheira, permitiu-me um sem número de experiências.

O MELHOR DO DIABETES E O QUE AINDA ESTÁ POR VIR

A Rita no fim do livro tem poucos meses de vida com diabetes e é ainda uma jovem adolescente. Adoraríamos mostrar a Rita noutras alturas da sua vida, até mesmo adulta. Afinal, a Paula e eu já temos décadas de vida com diabetes, penso que há ainda muito para partilhar.

Além do óbvio, a diabetes trouxe-nos a possibilidade de conhecer muitas pessoas diferentes, desde muitos jovens cheios de vida a pessoas com décadas disto, pessoas que ganharam medalhas olímpicas, e muitos profissionais de saúde dedicados a melhorar as vidas das pessoas com DT1. Uma dessas profissionais é a Sílvia Saraiva, endocrinologista e mentora da Associação de Jovens Diabéticos de Portugal, que tem esta frase: a diabetes controlada não é uma doença.

Você pode encontrar Tiago e Paula nas redes sociais em Instagram: @tklosedias @klosetopeople 

Twitter @tklosedias

 

 

WRITTEN BY Lucía Feito Allonca de Amato, POSTED 03/23/22, UPDATED 03/24/22

Lucy vive com diabetes Tipo I há quase 30 anos e faz parte da equipe por trás das propriedades hispânicas do Tipo 1. Ela é formada em Direito e tem dupla nacionalidade espanhola e argentina. Ela é parte ativa da comunidade online de diabetes, a partir de seu blog Azúcar HADA. Ela é formada em Psicologia, é uma paciente especialista em doenças cardiometabólicas crônicas e ativista pelos direitos das pessoas LGBTQ+.