“O impossível é uma percepção, não uma verdade”:La historia de Fabiano Araujo
Fabiano, de Brasília, diferente de outras pessoas, nunca dificultou para ele aceitar a chegada do diabetes em sua vida. No entanto, ele negligenciou sua dieta por um tempo e engordou muito, mas você sabia qual era a atitude dele?
Começou a se cuidar e se exercitar, para o próprio bem e da família, e hoje é um grande atleta. Você não pode perder sua história.
FABIANO DO BRASIL
Sou Fabiano Araujo, tenho 43 anos, de Brasília, capital do Brasil, DM 1 desde janeiro de 2000. Sou administrador de empresas e especialista em gestão de vigilância sanitária.
Quando descobri o diabetes, não tive um momento de medo ou apreensão com a doença, não tive, como vejo em muitos relatos, um período de negação… Sempre consegui conviver muito bem com isso. . Porém, entre 2007 e 2010, negligenciei muito minha alimentação e passei de pouco mais de 60 quilos para 105 quilos!
ME ATIVANDO: UMA MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA
No final de 2010 decidi mudar de vida, pratiquei esportes na adolescência e queria voltar… Só faltava aprender a cuidar do diabetes nesse novo contexto. Entre 2011 e 2013 perdi 35 quilos, com uma alimentação mais controlada e o desporto de volta ao meu dia-a-dia. Para isso, primeiro voltei a nadar… foi um ano, em que perdi 15 quilos, depois voltei para a bicicleta… mais 06 meses… depois para a academia e depois, com quase 30 quilos a menos, voltei a correr… estava pronto para me tornar um triatleta!
A rotina de treinos e a busca por desafios em competições cada vez mais longas e emocionantes me fizeram ter que buscar um controle cada vez mais efetivo do diabetes. Com a caneta de insulina e sem sensores, ele tinha rotina de medir a glicose na ponta do dedo, cerca de 8 vezes ao dia e adotar uma contagem de carboidratos, comendo a cada 03 horas.
Mesmo com a contagem me permitindo comer de tudo, sempre prefiro alimentos que interferem pouco na glicemia. Mas, como todos os adultos da minha idade, também gosto de boa comida e algumas boas bebidas (sempre com moderação) e nada disso afetou significativamente meu açúcar no sangue.
Em 2019 comecei a usar o sistema de 640g com sensor de glicemia, o que facilitou muito o monitoramento para mim, muito mais porque tinha uma visão contínua da minha glicemia.
No caso do esporte, acho que a grande vantagem para mim, como sou diabético, é que conheço meu corpo muito mais do que outros atletas. Eu nunca entendi diabetes como algo que me limitava, é apenas uma característica minha… algo que faz parte de quem eu sou. E isso não me impede de realizar meus sonhos!
Na vida deste atleta fiz provas com IronMan de médias distâncias (1900 metros de natação, 90km de ciclismo e 21km de corrida), maratonas, ultramaratonas (até 100km de corrida) e várias meias maratonas.
Além disso, tive a oportunidade em 2019, após uma seleção feita pelo fabricante da bomba de insulina que uso, de ir aos EUA participar do Ride to Cure de 100 milhas organizado pela JDRF em Amelia Island, Flórida. E, além disso, corri 10 horas na esteira em um evento para mostrar que diabetes não é limitação.
MINHA INSPIRAÇÃO
Minha família, minhas filhas são e serão sempre minha grande inspiração. Me cuido e me trato da melhor forma possível para poder estar com elas sempre.
Minha filha caçula era uma grande fã desse “papai doido” que mesmo diabético não tem medo de tentar fazer algo que parece desafiador. Ela adorava levar minhas medalhas para a escola para exibi-las e após o falecimento dela (em 2020, aos 10 anos), acredito que faço o esporte e continuo a treinar também por ela! Sinto sempre, em todos os meus dias, em todos os meus treinos e nas minhas provas… as minhas 04 filhas comigo me incentivando e me apoiando, mesmo que hoje eu só possa abraçar três delas.
A motivação, como disse, é minha família. Mas o cuidado com o diabetes e a certeza que tenho que tê-lo como meu aliado e não como um inimigo! Para isso, tenho que cuidar muito bem dele! E, de verdade, a vida de atleta me proporciona um resultado no cuidado com o diabetes que dificilmente eu conseguiria sem ele!
CORRER COM DIABETES
Acho que a parte mais difícil é criar uma rotina! Minha opinião é que cuidar do diabetes e da vida no esporte exige que tenhamos rotinas, que façamos dos nossos hábitos parte do tratamento e do treino. No meu começo. com um atleta, não fiz as medições de glicemia necessárias para o treinamento que estava fazendo. Ele sofria muito com hipoglicemia por nem sempre medir a glicemia. Tive que me acostumar a me monitorar melhor para melhorar meu treino. O mesmo desafio que tive na hora de criar o hábito de treinar! Hoje treino entre 14 e 20 horas por semana, para criar esse hábito tive que criar rotinas, fazer do esporte parte do meu dia a dia!
O Triathlon começou em San Diego, nos Estados Unidos, em 1974, em um clube de atletismo que, ao conceder férias aos seus atletas, passava um cronograma de treinos para que os atletas pudessem “descansar” um pouco dos treinos e competições. Voltando das férias, os treinadores testaram seus atletas para ver se eles realmente cumpriram o modelo. Esses atletas devem nadar 500 metros na piscina do clube, pedalar 12km e correr 5km. Os atletas gostaram tanto da “brincadeira” que pediram aos treinadores que “repetissem a dose” nas férias seguintes.
Em fevereiro de 1978, foi realizado o 1º Homem de Ferro do Havaí, com a participação de 15 atletas, vencido por um taxista chamado John Haley. O evento fez tanto sucesso que desde então, anualmente (sempre em outubro), mais de 3.000 atletas tentam superar esse desafio no Havaí. O Homem de Ferro é uma natação de 3.800 metros, um passeio de bicicleta de 180 quilômetros e uma corrida de 42,2 quilômetros (uma maratona)
Ainda não fiz meu primeiro Homem de Ferro. O ano de conclusão estava previsto para 2020 mas, com a pandemia e a morte da minha filha, tive que adiar. No entanto, este ano de 2022 cobrirei essa distância em agosto. O caminho para atingir esse objetivo foi traçado ao longo da minha história…acordar todos os dias por volta das 4h da manhã para correr, andar de bicicleta, nadar ou ir à academia e levantar pesos.
Estou pegando a estrada com a ajuda de médicos, nutricionistas e educadores físicos dispostos a me apoiar. Em agosto vou contar como foi cruzar a linha de chegada!!
Não encontrei um treinador que soubesse sobre diabetes, mas isso não era um problema. Acredito que o tratamento do diabetes envolve fundamentalmente a educação do paciente e isso é feito com o apoio de uma equipe multidisciplinar capaz de orientar e direcionar a ação do paciente, que acredito ser o ator principal em seu tratamento. Nesse sentido, procurei um treinador que entendesse do esporte, conhecedor dos treinamentos e desafios necessários do triatlo – para qualquer atleta, busquei o apoio dos meus médicos para entender melhor as reações do meu corpo aos treinos intensos e a melhor forma de ajustar minha insulinoterapia a essa realidade. Avaliei com nutricionistas o impacto da alimentação tanto no meu treino quanto na minha glicemia. E com isso, hoje posso dizer que sou um atleta como qualquer outro. Eu como igual a qualquer atleta, tanto pré quanto pós treino e que, durante as provas, não tenho limitação do que vou consumir de alimentos – dentro do que outros atletas também vão consumir.
Essa visão me permitiu ver o cronograma de treino semanal e ajustar minhas doses de insulina, dia a dia, a melhor opção.
Esta foi uma experiência de aprendizagem durante anos que valeu a pena para mim! Cada paciente deve buscar se conhecer para criar um caminho seguro para uma vida plena e saudável.
Minha dieta é a mesma de qualquer atleta. Mas não o tipo de atleta que usa apenas a suplementação como base de nutrição. Gosto do que diz uma amiga minha nutricionista.. “É bom comer comida de verdade!”. Não sigo uma dieta restritiva, tenho total liberdade alimentar! No entanto, por definição de vida e sabendo dos danos que esses alimentos podem causar, não consumo açúcares em geral.
Hoje estou usando uma bomba de insulina com sensor e com ela consigo monitorar minha glicemia durante todo o teste. Fiz uma adaptação no clipe da bicicleta de triatlo para poder consertar a bomba e ter as informações sempre acessíveis e, durante a corrida, criei a rotina de visualizar a glicemia a cada 3km da corrida, algo como 15 minutos entre cada visualização. Em relação à alimentação, consumo carboidratos a cada 30 minutos de uma longa prova ou treino, sempre na ação de manter minha glicemia entre 120 e 180! Em geral, tento começar uma corrida com minha glicemia mais próxima de 180 para ter um risco menor de hipoglicemia ao nadar.
Entendo que esses planos são muito específicos para cada atleta e sempre vale a pena consultar um nutricionista para definir o que é necessário para o que você quer praticar.
Mas como exemplo, quando eu corri os 100km, vc
REALIZAÇÕES E SONHOS
No esporte minha maior conquista é ter o mesmo desempenho que outro atletas não diabéticos, é ter ter corrido 100km e ter corrido 10horas na esteira. Enfim, acredito que as conquistas que tive, todas elas, foram gigantes e que tenho muito a realizar ainda no esporte.
O sonho, desse 2022, é concluir a prova do iron man, e, mais uma vez, ter minha família comigo para comemorar… é será poder levar essa medalha ao túmulo da minha filha caçula, ela que sempre torceu por mim, e poder “mostrar” mais essa conquista.
Acreditar que a diabetes não uma limitação é o primeiro passo, mas, sinceramente, a frase que mais define é “o impossível é uma percepção, não uma verdade”
Podemos encontrá-lo nas redes sociais.no instagram @diabetestriatlhon