Uma gravidez de alto risco e amor de mãe “sem fronteiras”


 

Esta é uma história de Dani, que também é gêmea grávida de diabetes tipo 1 e aprendendo a importância de cuidar de si para cuidar melhor dos outros.

Uma história que destaca o amor de mãe e como as fronteiras geográficas podem se tornar mais difusas, e a ideia de se mudar para outro país se torna realidade, quando se trata de salvaguardar o futuro e o bem-estar de quem amamos.

Meu nome é Daniele, tenho 38 anos, completo 39 em junho. Eu sempre ouvi que se quisesse ser mãe teria que ser antes dos 33 anos, pois as chance de complicações eram grande demais depois dessa idade, em uma consulta com oftalmologista na cidade de Joinville SC, Brasil, o médico me falou que se eu pensasse em engravidar depois dos 33 anos eu poderia ficar sega, muitos absurdos eu ouvi.

Com 33 anos eu vim a ter o meu positivo, não foi planejado a gravidez e eu treinava POLE DANCE nessa época, também fumava cigarro, bebiba cerveja ou vinho nos finais de semana. Parei de fumar uns 3 meses antes de descobrir que estava grávida. No treino de Pole eu senti muita dor no ombro direito e decidi ir ao médico pra iniciar um tratamento, pois sabia que poderia ser um problema no tendão, então parei de treinar, marquei consulta, peguei solicitação de ultrassom pro ombro, fiz exame e iniciaria tratamento com corticoides. Nesse meio tempo eu percebi que minha menstruação estava atrasada, seios inchados, barriga inchada, e eu achando que era sintomas de TPM. Mesmo assim pedi pra uma amiga enfermeira pedir um exame de sangue pra mim que eu colhi no dia seguinte e no mesmo dia fiz o teste de farmácia, e confirmei que estava grávida. Então já liguei pra uma obstetra e agendei uma consulta pra mesma semana. Pois eu tinha muito medo por conta da diabetes e por eu já ter 33 anos. Graças a Deus já tinha parado de fumar e praticar esporte de grande esforço, parei de tomar bebidas alcoólicas e me apeguei a Deus.

Minha Hemoglobina Glicosilada estava em 8,5 e durante os 3 primeiros meses de gestação consegui reduzir pra 6,5 e a partir de 6 meses pra 4,5 manter durante até o final da gestação. Passei a seguir dieta low carb e a fazer contagem de carboidratos. Na primeira ultrassonografia que foi antes dos 3 meses, apareceu apenas bebê. Na ultrassonografia de 3 meses que apareceu a segunda bebê, e então descobri que seria mãe de gêmeos Univitalinos, (no meu caso 2 meninas) mais um milagre de Deus. No início da gestação já me falaram que era uma gestação de risco, por causa da diabetes e quando veio a notícia da gestação gemelar e Univitalina, me avisaram que os riscos eram maiores ainda. Mas eu sempre tive fé em Deus.

Minha gestão foi tranquila, eu fui ao trabalho até uma semana antes de ser internada ou seja até 32 semanas de gestação, com 32 pra 33 semanas precisei a começar a ficar em casa em repouso e quando completei 33 semanas fui internada pois entrei em trabalho de parto, as bebês ainda não estavam com os pulmões prontos, precisei fazer aplicações de corticoides e repousar, consegui segurar elas até completar 34 semanas. Elas nasceram com um pouco mais de 2 kilos, mas como os bebês perdem peso ao nascer, elas precisaram ficar na UTI Neo Natal durante 24 dias e depois no quarto no hospital por mais 10 dias até conseguirem chegar a 2 kilos cada uma delas, eu quis amamentar exclusivamente no peito, então os primeiros 6 meses de vida delas, pra mim foram os mais difíceis pois eu quase sempre tinha Hipoglicemias após amamentar, e eu amamentava elas a cada 2 horas, ou seja, eu tinha 1 hora entre as mamadas pra comer, beber, tomar banho.

Depois dos 6 meses de vida delas eu voltei a trabalhar e tirava leite pra dar com mamadeira, mas como comecei a suplementar com fórmula (leite) elas começaram a parar de beber o leite materno e tomar apenas a fórmula. E então comecei a reduzir as Hipoglicemias e a melhorar o controle do diabetes novamente. 

MINHAS DICAS PARA SUA GRAVIDEZ COM DIABETES

Conselho tenham um endócrino, um obstetra e um nutricionista de confiança sigam o que for recomendado e tenha fé em Deus. 

Meus dias não bem atarefados, mas já aprendi muito nesses 33 anos convivendo com diabetes, então ao me levantar oro a Deus e cuido da diabetes, faço testes, tomo insulina, e então começo a preparar o café da manhã da família, aprendi que pra cuidar do próximo eu preciso estar bem, ou seja, preciso me cuidar primeiro. Meu Dia-a-dia é entre testes de glicose, cuidar da diabetes, cuidar de mim, cuidar das crianças, cuidar de casa, estudar, bem atarefado, mas Deus me capacita todos os dias. Uma dica que me ajuda muito é ter um diário, escrevo tudo sobre meu dia com diabetes, e também tenho um das crianças, assim não esqueço de nada. 

VIVER COM DIABETES NO BRASIL

No Brasil era tudo muito bom pra mim, não vou dizer fácil, mas era muito bom, o sistema de saúde o SUS, pagava todos os insumos, insulina, tinha consulta a cada 2 meses e exames médicos pra manter o controle. Tive que entrar com um processo e ganhei então eu recebia tudo que precisava. 

EMIGRAR PARA A ALEMANHA

Mudei pra Alemanha há 3 anos, pelas minhas filhas, a saúde e educação aqui são muito melhor, o pai delas é alemão, nos conhecemos no Brasil, em Santa Catarina, trabalhávamos na mesma empresa, as gêmeas nasceram no Brasil e quando elas tinhas completado 2 anos nos mudamos pra Alemanha e vivemos aqui até hoje. Pra gêmeas a adaptação foi ótima elas falam os 2 idiomas atualmente muito bem, o alemão e o português (e adoram músicas em inglês e espanhol, já falaram que querem aprender) pra mim a adaptação foi mais difícil pela idade, a questão de aprender um novo idioma do zero, pois eu não aprendi alemão no Brasil, aprendi aqui na Alemanha no dia-a-dia, fiz um curso aqui de alemão também.

Mas ir ao médico precisava da ajuda do meu marido, o sistema de saúde aqui é diferente e apenas a consulta o meu seguro cobre pago tudo privado, insumos, insulina e medicamentos. Mas Deus tem me dado graça e logo começo a trabalhar aqui, assim que conseguir um emprego e poderei pagar um plano de saúde que cubra todas as despesas com diabetes. Sinto muita falta da minha família no Brasil, meus pais, irmãos, primos, tios, amigas.

Eu sempre fui muito família e no Brasil somos mais ‘coração’ somos receptivos, aqui na Alemanha não é assim, tanto que em 3 anos aqui não tenho nenhuma amiga, é difícil as vezes, mas estou aqui pela segurança e educação das minhas filhas, quero um futuro melhor pra elas. 

WRITTEN BY Lucía Feito Allonca de Amato, POSTED 03/23/22, UPDATED 03/23/22

Lucy vive com diabetes Tipo I há quase 30 anos e faz parte da equipe por trás das propriedades hispânicas do Tipo 1. Ela é formada em Direito e tem dupla nacionalidade espanhola e argentina. Ela é parte ativa da comunidade online de diabetes, a partir de seu blog Azúcar HADA. Ela é formada em Psicologia, é uma paciente especialista em doenças cardiometabólicas crônicas e ativista pelos direitos das pessoas LGBTQ+.