O DIABETES ACABOU COM A MINHA INFÂNCIA: A PERSPECTIVA DE UM ADOLESCENTE


 

 Quanto tempo são sete anos? Para mim, é metade de toda a minha vida. Há sete anos, eu estava na primeira série. No dia 09 de novembro de 2009, sete anos atrás, eu fui diagnosticado com diabetes tipo 1. Nós pensamos que eu estava gripado, mas era muito pior. Eu estava cansado e com sede, respirando com dificuldade e urinando muito, mas não entendíamos o motivo. Mal sabíamos nós que a minha vida inteira estava prestes a mudar. A forma como eu comia, dormia, me sentia com relação a agulhas, o que eu fazia no meu tempo livre e como praticava meu passatempo favorito, snowboarding.

De novembro a junho, minha família pratica snowboarding quase toda semana. Imagine como é… altura, adrenalina, atividade física intensa, diversão… tudo isso afeta a minha glicemia. Quando subimos a montanha, normalmente ela está baixa, então preciso de açúcar e glicose no caminho. Antes de começar, eu verifico novamente, e tem uma boa chance do nível ainda estar baixo, o que significa mais açúcar e depois partir para a ação. É bem provável que minha glicemia fique baixa PELO MENOS mais uma vez ao longo do dia, o que significa que todos tem que parar e me esperar enquanto eu como mais açúcar e testo de novo.

Quando descemos a montanha para ir para casa, minha glicemia gosta de subir, bastante, e agora precisamos lidar com isso com doses extra de insulina para passar a noite e tentar voltar para um nível “normal”. Eu estou disposto a fazer tudo isso para praticar essa atividade que amo tanto… mas também é muito chato e frustrante, e pode ser bem perigoso se eu não estiver prestando atenção.

Como é viver todos os dias com diabetes tipo 1? Imagine viver com um peso enorme nas costas, quase como se você nunca vivesse plenamente de verdade. Você está sempre com medo porque nunca sabe o que pode acontecer, não sabe se a sua glicemia vai ficar estável durante a noite e não sabe se você vai acordar de manhã. Isso não é aterrorizante?

Você ouve um monte de piadas sobre diabetes e de repente começa a ficar com vergonha. Você finge que não se importa, mas se importa, sim. Você só quer chorar. Isso faz você se perguntar por que as pessoas fazem piada com diabetes. Você nunca ouve piadas sobre câncer e outras doenças, não é? Então por que diabetes?!

É uma vida em que você depende de um frasco de insulina para sobreviver!! Você nem sempre pode fazer o que os seus amigos estão fazendo, então fica com vergonha. Quando a maior parte das pessoas descobre que você vive com diabetes, elas não ficam com pena de você. Elas imediatamente perguntam: “Ah, você tem diabetes? Mas você não é gordo…” ou “Você pegou isso porque consumia muito açúcar, comia demais e não se alimentava de maneira saudável?”.

Se você olhasse para mim, não falaria isso, porque eu sou magro e atlético. O que aconteceu foi que o meu pâncreas não consegue mais produzir a insulina necessária para a minha sobrevivência.

Nem todo mundo entende que essa condição pode te MATAR.

Eu vivo com medo disso todos os dias. Acredite, quase todo mundo que vive com diabetes pensa assim também. Eu não odeio o diabetes por causa dos furos no dedo e injeções; eles não são agradáveis, mas são suportáveis. Mas eu ODEIO o diabetes porque ele acabou com a minha infância. Eu o odeio porque é quase impossível ser espontâneo! Eu o odeio porque ele me deixa com medo.

O diabetes me deixou mais forte, maduro e responsável. Mas também me deixou exausto e ansioso. Eu o odeio porque nunca tenho uma folga, porque o diabetes é constante e incansável. Odeio quando trabalho duro, mas tudo se volta contra mim. Eu me esforço MUITO. Odeio quando fico para baixo e sem forças até não sobrar nada. E odeio o diabetes por me tornar o mais forte que consigo ser e depois me quebrar em um poço de lágrimas e frustrações.

Mas eu também tenho esperanças de que o diabetes não durará a minha vida inteira e que alguém encontre uma cura logo, porque ninguém pediu para viver com essa condição. Nós que vivemos com DM1 somos capazes de aguentar a dor e a luta todos os dias, mas não merecemos isso. Espero que um dia eu não precise explicar como a vida com diabetes tipo 1 é difícil, mas sim como é maravilhoso viver SEM diabetes tipo 1.

WRITTEN BY Ethan Rath, POSTED 01/06/20, UPDATED 03/16/21

Ethan tem 13 anos. Ele foi diagnosticado com diabetes tipo 1 aos 6 anos de idade em 09/11/09. Ethan é um excelente aluno, um snowboarder, um jogador de futebol americano, um desajeitado, um irmão mais velho atencioso e ele é a força e a cola em nossa família. Ele queria enviar este pequeno ensaio que escreveu na esperança de educar outros sobre as lutas e dificuldades de viver com T1D.